quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Ela será sempre só linda. Nada mais.

Tinha sido concebida para ser linda. Queria ser admirada por todos mas só conseguia por alguma raça  masculina. A que só vê e que quer exibir. O feitio e as intrigas tornava-a insuportável. Insuportável ao ponto de inventar histórias maiores do que ela. Para testar as pessoas. Para ser mais amada. Para chamar a atenção. Para espalhar veneno. Com as irmãs, entre os pais, para com a família toda. O marido, nem se fala. Passava das emoções extremas do amor louco ao pior desprezo. Com os filhos era um bocado assustador. A filha era igualzinha à progenitora. não tão bela mas tão maniante. O filho tinha que adorá-la. Tinha que dizer era a mais linda, a melhor, a mais que tudo de tudo. Chegava ao ponto do marido ter ciumes do filho. E o filho ter ciumes do pai. E a mãe ter inveja da filha, mas sempre a rebaixá-la para não perder o nível de beleza altíssimo que se tinha atribuído.  Era da violência física à humilhação pública por pormenores insignificantes enquanto a educação dos valores básicos humanos estava posta de parte. Nunca estava posta em causa. O filho era alvo de bajulamento permanente por ser adorador da mãe. Bem ele o tinha percebido e para se safar, andava ele nesta adoração maternal. Assim tinha ele percebido a manipulação.A Maria do Carmo tinha 36 anos. Segunda de quatro filhas, era a mas bonita e a mais admirada dos pais. Tinha que ter o protagonismo todo. Sempre. A qualquer custo. As irmãs já lhe conheciam os reflexos todos e por inteligência, evitavam os conflitos. E só por exigência dos pais conviviam.